CGU anuncia série de novas medidas para melhorar a LAI no Brasil
Equipe Fiquem Sabendo
Publicado em: 03/02/2023
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Atualizado em: 10/03/2023
A Controladoria-Geral da União (CGU) anunciou hoje uma série de medidas para melhorar a Lei de Acesso à Informação no Brasil. Muitas delas seguem as recomendações apresentadas por nós à equipe de transição no início do ano.
Segue as atualizações e as respectivas explicações:
Quem entrar em prédio público não vai ter o nome protegido, salvo em algumas exceções. Mostramos aqui que o governo Bolsonaro ampliou expressivamente as negativas de acesso a quem visitou o ex-presidente.
Nada muda sobre as visitas às residências de presidentes e vice-presidentes - a informação seguirá sendo sigilosa.
Quando um militar sofrer algum processo disciplinar, o documento será público. Melhoria inspirada no caso do general Pazuello, que conseguiu temporariamente sigilo sobre o processo que enfrentou por apoiar Bolsonaro em uma manifestação política - o que é vetado aos militares.
Os gastos do cartão corporativo só ficaram em sigilo porque um artigo da Lei de Acesso diz que informações que ameacem a segurança de presidentes ficam protegidas até o fim do mandato. Essa restrição deverá, em tese, ser menos aplicada agora, embora o enunciado seja genérico.
Durante a pandemia, o Exército tentou colocar em sigilo as tratativas de compra de insumos para fabricar cloroquina. Agora o governo deixou claro que compras, mesmo que nas Forças Armadas, precisam ter ampla transparência.
Nós entregamos à equipe de transição do governo uma lista de documentos cujo prazo de sigilo expirou. Essa nova regra garante que não exista mais o sigilo por tempo indeterminado: acabou o prazo, precisa divulgar.
É comum que alguns órgãos aleguem que currículos de servidores devem ser protegidos por ser informação pessoal. Este enunciado garante que isso não mais acontecerá. Vejam mais neste verbete da WikiLAI.
Esse aqui traz um enorme potencial para identificar irregularidades: até a prova oral para aprovação em concurso público será passível de transparência.
Obter telegramas oficiais sempre é um desafio. Agora a regra pode ficar um pouco mais clara. Já produzimos um tutorial de como obtê-los. Acesse aqui.
Se alguém recebeu dinheiro público, precisa haver transparência. Mas o governo precisa esclarecer se essa regra vai valer para contratações que afetariam o sigilo estabelecido em contratos. Caso da publicidade feita pelo cantor Gusttavo Lima com a Caixa, por exemplo, ainda em sigilo.
O último anunciado parece abstrato, mas é muito importante. Há muitos casos em que a informação só esta disponível em papel (caso do cartão corporativo) ou demandaria muito trabalho dos servidores para organizar e publicar. Mas isso não dará ao órgão o direito de negar o pedido.
Este enunciado é possivelmente o mais importante, pois dificulta o chamado "sigilo dos 100 anos": mesmo que haja informações pessoais em um documento, os órgãos deverão tarjar a informação e dar acesso ao restante.
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