Pneu com água parada, um dos tipos de criadouros do
Aedes aegypti. Foto: Claudio Fachel/Palácio Piratini (18/11/2014)
A Vila Maria, na zona norte, é o distrito de São Paulo com a maior quantidade de criadouros de
Aedes aegypti na comparação com o número de recipientes com água parada analisados pelas equipes de vigilância epidemiológica em cada região da cidade.
Em outubro de 2015, quando a
Secretaria Municipal da Saúde fez a sua última ADL (Avaliação de Densidade Larvária) do mosquito transmissor da dengue, zika, chicungunya e febre amarela, a Vila Maria registrou o
ITR (Índice por Tipo de Recipiente) de 5,714, o mais alto dentre os contabilizados pelos 96 distritos paulistanos.
Moema, bairro nobre na zona sul, registrou o segundo mais alto ITR de toda a cidade, 5. A terceira colocação ficou com o Cangaíba, na zona leste, com 3,472.
É o que aponta levantamento inédito feito pelo
Fiquem Sabendo com base em dados da Secretaria Municipal da Saúde obtidos por meio da
Lei Federal nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação).
Veja, no infográfico abaixo, o ITR contabilizado por cada um dos distritos da cidade:
Segundo Alessandro Giancola, coordenador das ações de controle do
Aedes aegypti da Secretaria Municipal da Saúde, o ITR indica “quantos recipientes positivos, isto é, com larvas do mosquito, foram encontrados na comparação com o número de recipientes pesquisados em cada área da cidade”.
De acordo com ele, antes de a secretaria apontar o índice de cada bairro, o material colhido nos criadouros é submetido a um teste em um laboratório para confirmar se, de fato, se trata de larva do
Aedes aegypti.
Para calcular o ITR de cada região, divide-se o número de recipientes positivos para larvas de
Aedes aegypti pela quantidade de recipientes analisados e multiplica-se o resultado dessa divisão por cem.
25 bairros estão em situação de alerta; 2 têm risco de epidemia
Índices menores do que 1 são satisfatórios; de 1 a 3,9 são considerados alerta e acima de 3,9 é de risco para a epidemia das doenças transmitidas pelo mosquito. Esse enquadramento é preconizado pelo
Ministério da Saúde.
Em outubro de 2015 (dois meses antes do início do verão, quando, historicamente o número de notificações de casos de dengue na cidade é baixo), Vila Maria e Moema registravam situação de risco para a epidemia da doença.
Outros 25 bairros, de três regiões diferentes da cidade (zonas leste, norte e sul) estavam em situação de alerta.
Cidade passa pelo mais importante teste de infestação do mosquito
A cidade de São Paulo realiza três ADL (Análises de Densidade Larvária) por ano: em fevereiro, julho e outubro. Essa periodicidade segue orientação do Ministério da Saúde.
A ADL calcula três tipos de índices: o ITR, o Índice de Breteau (relação entre o número de recipientes positivos e a quantidade de imóveis pesquisados) e o Índice Territorial (relação entre os números de imóveis positivos e pesquisados).
Segundo Alessandro Giancola, até o fim deste mês, a Secretaria Municipal da Saúde deve divulgar os dados da ADL de fevereiro de 2016. Esses índices são encarados pelas autoridades municipais como fundamentais para o trabalho de combate ao
Aedes aegypti na cidade, dado o fato de ele representar os índices de infestação em toda a cidade em pleno verão, em um momento que a comunidade internacional vê uma possível epidemia global do zika como uma ameaça.
“Vamos dar uma ampla divulgação a esses índices até o mês que vem”, diz Giancola.
Por que isso é importante?
A
Constituição Federal de 1988 prevê, em seu art. 6º, o direito à saúde como um dos direitos sociais.
Já o art. 196, também da Constituição Federal, diz que a saúde “é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.
A
Lei 8.080/90 (Lei do SUS) prevê, em seu art. 2º, que “a saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício”.
Índices direcionam combate à proliferação do mosquito, afirma coordenador
A Secretaria Municipal da Saúde se vale do ITR _assim como dos outros índices apontados pela ADL_ para direcionar as ações de combate à proliferação do mosquito Aedes aegypti em São Paulo.
De acordo com Giancola, além desses índices, essas análises fazem com que a secretaria saiba, por exemplo, que tipo de recipiente positivo existe em maior número em cada área da cidade.
Existem 40 tipos de recipiente que podem servir de criadouro para larvas do mosquito.
“O trabalho educativo feito em cada região leva em conta aspectos como o tipo de criadouro mais encontrado”, explica.