Marsilac e Moema, na zona sul, foram os dois distritos paulistanos que receberam menos visitas de agentes de combate à dengue neste ano. Foto: Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas (20/12/2015)
Morumbi e Moema, na zona sul, e Barra Funda e Jaguaré, na zona oeste, estão entre os bairros paulistanos que menos receberam visitas domiciliares de combate ao
Aedes aegypti feitas pela gestão do prefeito
Fernando Haddad (PT) em 2016.
É o que aponta levantamento inédito feito pelo
Fiquem Sabendo com base em dados da Coordenação Geral das Ações de Controle do Aedes Aegypti, da
Secretaria Municipal da Saúde, obtidos por meio da
Lei Federal nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação).
A reportagem tabulou o número de visitas domiciliares feitas a cada um dos 96 distritos paulistanos entre 1º de janeiro e 14 de março deste ano. Esse período abrange um total de 572.058 de visitas a imóveis para combater focos do mosquito transmissor da dengue, zika, chikungunya e febre amarela. (Veja o detalhamento desses dados no infográfico abaixo.)
Bairros com mais inspeções tiveram surto de dengue em 2015
A outra ponta do ranking, ocupada pelos bairros da capital paulista que receberam mais visitas dos agentes da prefeitura, traz parte das regiões que registrou aumentos expressivos dos números de casos confirmados da doença em 2015.
Região com maior quantidade de visitas domiciliares registrada em toda a cidade, com um total de 165.963 imóveis inspecionados, Cidade Ademar, na zona sul, contabilizou 4.357 casos de dengue em 2015. No ano anterior, o distrito tinha registrado 367 casos.
Segundo colocado no ranking de visitas domiciliares, o Grajaú (bairro mais populoso da cidade, com cerca de 360 mil habitantes), também na zona sul, registrou 1.596 casos de dengue em 2015, ante 342 no ano anterior.
Fiquem Sabendo publica índices de infestação por mosquito de todos os bairros de São Paulo
No dia 26 de janeiro deste ano, o
Fiquem Sabendo iniciou a publicação dos dados mais completos de infestação por
Aedes aegypti de todos os bairros de São Paulo. Na ocasião, o site disponibilizou
os índices de Breteau (número de recipientes com larvas de Aedes aegypti para cada 100 imóveis visitados) de todos os 96 distritos da cidade.
No último dia 4, o portal publicou o
ITR (Índice por Tipo de Recipiente) de todos os bairros da capital paulista. Esse indicador aponta a quantidade de criadouros de
Aedes aegypti na comparação com o número de recipientes com água parada analisados pelas equipes de vigilância epidemiológica em cada região da cidade.
Todos esses índices foram contabilizados em outubro de 2015. Há a expectativa de que eles sejam atualizados até o fim deste mês.
Por que isso é importante?
A
Constituição Federal de 1988 prevê, em seu art. 6º, o direito à saúde como um dos direitos sociais.
Já o art. 196, também da Constituição Federal, diz que a saúde “é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.
A
Lei 8.080/90 (Lei do SUS) prevê, em seu art. 2º, que “a saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício”.
Agentes eliminam criadouros e orientam população, diz secretaria
A Secretaria Municipal da Saúde informou por meio de nota enviada por sua assessoria de imprensa que as visitas realizadas por agentes de combate a endemias têm por objetivos eliminar criadouros do mosquito transmissor da dengue e orientar a população.
Leia, abaixo, a íntegra da nota que a pasta enviou à reportagem:
"A Coordenação de Vigilância em Saúde (COVISA) informa que as visitas aos imóveis no município de São Paulo são realizadas por agentes de saúde ambiental/combate a endemias e as atividades principais no combate ao Aedes aegypti são:
- casa a casa: atividade de rotina diária preventiva, com o objetivo de orientar a população e eliminar criadouros do mosquito Aedes aegypti;
- a atividade de bloqueio de transmissão: a cada caso suspeito de dengue, notificado para vigilância local, os agentes percorrem 200 m ao redor da residência, entrando nas casas, para eliminar criadouros. Se o caso for positivo para dengue, é feito o bloqueio por nebulização, com aplicação de inseticida para mosquito adulto;
- visitas a PE (pontos estratégicos) e IE (imóveis especiais): essas visitas são rotineiras e visam eliminar criadouros, orientar a respeito dos cuidados na proliferação do mosquito e aplicar larvicidas nos PEs. São considerados PEs, as borracharias, desmanches de carros, dentre outros e IEs, imóveis com grande circulação de pessoas como escolas, clubes;
- Avaliação da Densidade Larvária – ADL: realizada três vezes por ano, envolve a avaliação do nível de infestação do mosquito nas regiões e tipos de recipientes mais frequentes. Por meio dessas avaliações, pode-se direcionar melhor as ações de controle do mosquito.
Essas atividades interferem na cadeia de transmissão da dengue, pois são voltadas para a eliminação dos criadouros do mosquito e dos mosquitos adultos, o que auxilia na diminuição da proliferação do mesmo, reduzindo sua população, e, portanto, a chance de transmissão do vírus.
Após a realização dessas vistorias, torna-se extremamente importante a colaboração da população, colocando em prática o que foi orientado pelos agentes."