Ao lado de parte de seus secretários, o prefeito Fernando Haddad pedala em ciclovia da região central de São Paulo. Foto: Paulo Pinto/ Analítica (21/09/2014)
Entre julho e agosto deste ano, criminosos furtaram 459 bicicletas e roubaram outras 96 na cidade de São Paulo. Somados esses dois crimes, esse período registrou uma média 277 bikes levadas por ladrões a cada mês.
Dados da
Polícia Civil mostram que houve uma explosão de casos desde a inauguração da ciclovia da avenida Paulista, na região central de São Paulo, no fim de junho.
É o que aponta levantamento inédito feito pelo
Fiquem Sabendo com base nos registros criminais das 93 delegacias da capital paulista obtidos por meio da
Lei Federal nº 12.527 (Lei de Acesso à Informação).
De acordo com as informações disponibilizadas pela gestão do governador
Geraldo Alckmin (PSDB), entre janeiro de 2014 e junho de 2015, os 93 distritos policiais de São Paulo contabilizaram 550 furtos e 131 roubos de bicicleta. Isso representa uma média de 38 bikes levadas por ladrões a cada mês.
Tomando-se por base as médias mensais desses crimes, pode-se dizer que, nos últimos meses, os casos de furtos e roubos de bicicleta cresceram sete vezes em relação ao período de janeiro de 2014 a junho de 2015. (Veja o detalhamento desses dados no infográfico abaixo.)
Pinheiros e Jardins lideram estatística
A disparada dos furtos e roubos de bikes é mais acentuada em alguns bairros da capital paulista.
Entre julho e agosto, o 14º DP (Pinheiros), responsável por registrar e investigar os crimes ocorridos em locais como Vila Madalena e Alto de Pinheiros, registrou 49 furtos de bicicletas. Esse número fez dessa região a campeã de casos dessa natureza no período.
Com 28 bikes furtadas entre julho e agosto, o 36º DP (Vila Mariana), na zona sul, ficou na segunda colocação.
Em seguida, aparece o 78º DP (Jardins), que cobre a área da avenida Paulista, com 24 furtos entre julho e agosto (Veja no infográfico abaixo os 20 distritos policiais da cidade com mais casos de furto de bicicleta registrados no período).
Polícia se nega a informar dados que permitiriam comparativo
A reportagem solicitou à Polícia Civil, por meio da Lei de Acesso à Informação, que informasse o número de furtos e roubos de bicicletas nos períodos de janeiro a setembro de 2014 e de 2015.
A corporação se negou a informar os dados com base na seguinte justificativa: “Não podemos atender sua solicitação por não constar em nossos bancos de dados estatísticos informações detalhadas como foram solicitadas sobre este assunto (furto e roubo de bicicletas), e corroborando o entendimento da Ouvidoria do Estado descrita na Decisão OGE/LAI nº 273 de 05/08/2015, item 4, que diz ‘Oportuno consignar que a Lei de Acesso à informação visa à disponibilização de informações e dados já existentes e custodiados pela Administração pública, não sendo exigíveis dos órgãos públicos trabalhos adicionais de análise, interpretação ou consolidação de dados e informações, ou serviços de produção ou tratamento de dados, para atendimento a pedido de informação, sendo suficiente a entrega das informações detidas no formato em que se encontrem’
”.
Malha cicloviária paulistana já passa dos 350 km
Com a
inauguração da ciclovia debaixo do Minhocão (Elevado Costa e Silva), no início de agosto, a malha cicloviária da cidade de São Paulo atingiu a marca de 356 km de extensão.
A meta da gestão Fernando Haddad é ultrapassar os 400 km até o fim de 2016 (término de seu atual mandato).
Bem recebida por especialistas em mobilidade urbana e por ciclistas, a expansão da malha cicloviária da capital paulista é aprovada por 80% dos paulistanos, segundo
pesquisa Datafolha feita em setembro de 2014.
Com ciclovias, bicicleta ficou mais visada pelos criminosos, diz secretaria
A
Secretaria de Estado da Segurança Pública disse por meio de nota enviada por sua assessoria de imprensa que os crimes patrimonais caíram 7,7% no período destacado pela reportagem. Com relação aos furtos e roubos de bicicletas, a pasta informou que as bicicletas se tornaram mais visadas pelos criminosos após o aumento da utilização desse meio de transporte na cidade.
Eis a íntegra da resposta enviada à reportagem: "A SSP informa que o trabalho integrado das polícias tem o combate aos crimes contra o patrimônio como uma de suas prioridades. Tanto que, no período citado pela reportagem, esse tipo de ocorrência caiu 7,7% na capital no período destacado pela reportagem. Nos bairros citados, a queda nos crimes contra o patrimônio foi ainda mais acentuada no período: 17,4% em Pinheiros; 14,5% na Vila Mariana; e 10,9% nos Jardins. A Polícia Civil identificou que muitos dos furtos de bicicletas ocorrem em condomínios e, por isso, passou a solicitar imagens de câmeras de segurança, quando existentes, para identificar as autorias. O aumento de utilização da bicicleta como meio de transporte, com a criação de ciclovias e ciclofaixas, tornou o objeto mais visado para criminosos. A PM já considera essas informações na elaboração dos planos de policiamento inteligentes, direcionado os programas de policiamento aos locais de maior incidência de crimes, como forma de inibir a conduta de criminosos. A criminalidade é dinâmica e a Polícia Militar ajusta as suas ações conforme o comportamento infracional do momento".