Número de policiais militares mortos no Estado cresceu do ano passado para cá. Foto: Vagner Campos/GESP (02/04/2016)
Puxado pelo aumento dos assassinatos de policiais militares de folga, o número de PMs mortos no Estado de São Paulo cresceu 15% no primeiro semestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2015. Houve um salto de 29 para 33 casos em um ano.
Isso significa dizer que, neste ano, em média, um policial militar foi morto no Estado a cada cinco dias.
É o que aponta levantamento inédito feito pelo
Fiquem Sabendo com base em dados da
Polícia Militar de São Paulo obtidos por meio da
Lei de Acesso à Informação.
De acordo com os dados oficiais, nos primeiros seis meses deste ano, 23 PMs de folga foram mortos no Estado. No primeiro semestre de 2015, 19 policiais militares fora de serviço haviam morrido.
Nos primeiros semestres dos dois anos, foram registradas oito mortes de PMs em serviço no Estado.
Esses números abrangem mortes não naturais, como assassinato, latrocínio (morte em assalto), atropelamentos ou demais acidentes de trânsito.
Cabo é assassinado por ladrões de transportadora de valores
Na madrugada de 5 de julho, o cabo de PM Tarcísio Wilker Gomes, de 43 anos, foi morto com um tiro na cabeça durante confronto com parte da quadrilha em fuga em que realizou um mega-assalto a uma transportadora de valores em Ribeirão Preto, no interior paulista.
O cabo Wilker era policial militar há 14 anos e deixou mulher e um filho de oito anos.
Ao comparecer ao velório e enterro do policial, o secretário de Estado da Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, afirmou que a prisão de suspeitos do assassinato é
“questão de honra para as polícias”.
Na sexta-feira 15, a polícia prendeu dois dos suspeitos do mega-assalto em um resort em Caldas Novas, no interior de Goiás, segundo reportagem do
SBT Brasil.
Lei que tornou assassinato de policial crime hediondo completa 1 ano
No dia 6 de julho de 2015, entrou em vigor em todo o país a lei que tornou crime hediondo os crime de homicídio e lesão corporal de policiais, bombeiros militares, integrantes das Forças Armadas, da Força Nacional de Segurança e do sistema prisional.
A transformação desses crimes em hediondos trouxe uma série de agravantes para quem os comete, em caso de condenação, como a proibição de indulto e a obrigatoriedade de um cumprimento de pena maior para a obtenção do direito de progredir de regime.
A lei também alterou o Código Penal, ao aumentar a pena por esses crimes de 6 a 20 anos para 12 a 30 anos.
Secretaria afirma ter tomado medidas para reduzir mortes
Procurada, a Secretaria de Estado da Segurança Pública disse por meio de nota que tem adotado medidas para reduzir a morte de policiais.
Leia, abaixo, íntegra da nota enviada pela pasta:
"A SSP tem adotado medidas para reduzir a morte de policiais com investimento em treinamento, inteligência e equipamentos. Uma medida importante foi a edição da Resolução SSP 40/15, que garante maior eficácia em investigações de ocorrências que envolvam agentes de segurança, com uma equipe especialmente dedicada ao esclarecimento desses casos. A resolução determina o inédito comparecimento das Corregedorias e dos Comandantes da região, além de equipe específica do IML e IC, para melhor preservação do local dos fatos e eficiência inicial das investigações.
Além disso, a SSP empenhou-se, juntamente com o governador Geraldo Alckmin, na defesa do projeto que aumentou as penas para quem ataca agentes de segurança. A lei foi sancionada em setembro passado no Congresso Nacional.
É importante destacar que no período dos últimos 12 meses (junho de 2015 a maior de 2016), houve queda de 7,7% no número de mortes de policiais no estado (de 65 para 60). A redução das mortes de folga foi ainda maior: de 51 para 45 casos, o que representa 11,7%. As estatísticas oficiais de junho serão divulgadas no fim do mês.
Salienta-se que a DEJEM (Diária Especial por Jornada Extraordinária de Trabalho Policial Militar) foi criada como medida de valorização do policial militar e constitui uma alternativa para que possa complementar a renda de forma muito mais segura, haja vista que a maior parte dos registros de morte ocorre na folga do policial, muitas vezes durante o exercício de atividades fora da Corporação, os chamados ‘bicos’. Ao trabalhar com armamento adequado, comunicação eficiente e utilizando equipamentos de proteção individual, tudo isso aliado à estrutura operacional da Instituição, o risco de morte é consideravelmente reduzido."