Policiais observam ônibus que transportava vítimas de acidente que deixou 13 mortos, na rodovia Leônidas Pacheco Ferreira, em Ibitinga, no interior paulista. Foto: Marcos Rhivera e Lucian Ticianell/Portal Ternura FM (28/10/2014)
As rodovias estaduais paulistas registraram 2.291 mortes decorrentes de acidentes de trânsito em 2014. Esse número é 4,27% superior às 2.197 vítimas fatais contabilizadas em 2013.
É o que aponta levantamento feito pelo
Fiquem Sabendo com base em dados do CPRV (Comando de Policiamento Rodoviário), da Polícia Militar de São Paulo, obtidos por meio da Lei nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação).
De acordo com os dados oficiais, o aumento do número de mortes nas estradas em 2014 quebra uma tendência de quedas, nessa estatística, verificada em anos anteriores: entre 2011 e 2012, houve um decréscimo de 2,14% (de 2.378 para 2.327 mortes), e entre 2012 e o ano seguinte, de 5,5% (de 2.327 para 2.197). (Veja o detalhamento desses dados no infográfico abaixo).
1 em cada 5 vítimas era ocupante de motocicleta
Quinhentos e vinte e cinco das 2.291 pessoas que morreram em acidentes de trânsito nas estradas paulistas em 2014 eram ocupantes de motocicletas, segundo os dados disponibilizados pelo Comando de Policiamento Rodoviário. Isso significa que uma em cada cinco (22%) vítimas fatais dessas batidas se enquadra nesse perfil.
O fato de os ocupantes de motocicletas responderem por parte expressiva das vítimas desses acidentes é uma tendência verificada nos anteriores a 2014. Em 2013, por exemplo, uma em cada quatro vítimas fatais (27,21%) de acidentes nas rodovias paulistas ocupava uma motocicleta na hora da batida.
Com 121 mortes, Anhanguera lidera ranking
A cada três dias, uma pessoa morre em decorrência de acidente de trânsito na rodovia Anhanguera (SP-330). Ela tem 438 km de extensão.
Com 121 mortes registradas em 2014, essa estrada liderou o ranking de rodovias estaduais com maior quantidade de vítimas fatais contabilizadas no ano. Atrás dela, vem a Raposo Tavares (SP-270), com 113 mortes no ano; a rodovia Washington Luís (SP-310) ficou em terceiro, com 105 mortes (veja no infográfico abaixo).
A Raposo Tavares e a Washington Luís têm 645 km e 505 km de extensão, respectivamente.
Nos três anos anteriores, apesar de registrar quedas anuais no número de mortes, a Anhanguera também liderou esse ranking: foram 145 em 2011, 129 em 2012 e 124 em 2013.
Excesso de velocidade é uma das principais causas das batidas
Na avaliação do Comando de Policiamento Rodoviário, são cinco as principais causas dos acidentes nas rodovias que cortam o território paulista:
- Excesso de velocidade;
- Ultrapassagem em local proibido;
- Ingestão de bebida alcoólica pelo condutor do veículo;
- Não utilização do cinto de segurança no banco traseiro e
- Imprudência.
Por que isso é importante?
Caminhão capota na rodovia do Açúcar, na região de Capivari, interior paulista. Foto: Tonny Machado/ Raízes FM (04/12/2014)
A Lei nº 9.507/1997 (Código de Trânsito Brasileiro), em seu art. 1º, § 2º, diz que “o trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidas destinadas a assegurar esse direito”.
Esse mesmo artigo, no § 3º, diz que “os órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito respondem, no âmbito das respectivas competências, objetivamente, por danos causados aos cidadãos em virtude de ação, omissão ou erro na execução e manutenção de programas, projetos e serviços que garantam o exercício do direito do trânsito seguro”.
A Polícia Militar do Estado de São Paulo, responsável administrativamente pelo Comando de Policiamento Rodoviário, faz parte do Sistema Nacional de Trânsito.
Operações para reduzir índices são realizadas, diz polícia
O CPRV (Comando de Policiamento Rodoviário), da Polícia Militar, disse em nota que realiza “operações policiais (alcoolemia, radar, cinto de segurança, entre outros) para reduzir” as mortes no trânsito. “No ano de 2015, a cada mês e a cada feriado prolongado, temos tido a grata satisfação de relatar reduções nos índices de mortalidade nas rodovias paulistas entre 15 a 35%.”
De acordo com o Comando de Policiamento Rodoviário, apesar da alta do número de mortes, 2014 registrou “redução no total geral de acidentes, de acidentes com vítimas e atropelamentos” na comparação com 2013.
O CPRV informou que Anhanguera, Raposo Tavares e Washington Luís estão entre as rodovias mais extensas do Estado e, por isso, é natural que figurem no topo do ranking de mortes por via.
Segundo o órgão, nove das dez melhores rodovias do país estão no Estado de São Paulo, segundo pesquisa CNT/Sensus.
Sobre a Anhanguera, o CPRV disse que a Anhanguera “é a segunda melhor rodovia do país” e os seus índices de mortalidade “são normais”.
Estrada sempre recebe melhorias, afirmam concessionárias
A concessionária CCR AutoBAn, responsável pela administração de um trecho da Anhanguera, disse em nota que, desde que assumiu a concessão da via, em 1998, “conseguiu reduzir os acidentes em aproximadamente 24,5% e as vítimas fatais em 61%”.
Segundo a concessionária, “os índices de acidentes, mortos e feridos _que levam em consideração fatores como o fluxo de veículos e a extensão da via_ reduziram significativamente no sistema Anhanguera-Bandeirantes desde o início da concessão. Em 1997, o índice de mortos era de 5,7. Em 2014, foi reduzido para 1,7”.
A CCR AutoBAn disse ter investido, de 1998 para cá, R$ 2,4 bilhões em obras e melhorias na Anhanguera. Isso inclui a construção de telas de proteção, 27 passarelas, entre outros dispositivos de segurança.
A concessionária informou, também, que realiza campanhas de segurança e programas de educação para o trânsito.
A concessionária Vianorte, do grupo Arteris, que administra outro trecho da Anhanguera, na região de Ribeirão Preto, diz que disponibiliza “as sinalizações obrigatórias e dispositivos que incrementam a segurança dos usuários, como barreiras de proteção e instalação de telas para evitar a passagem de pedestres nas faixas de rolamento”.
Em dezembro de 2014, a Vianorte e Autovias (administradora de outro trecho da rodovia), também pertencente ao grupo Arteris, concluíram a remodelação do trevo de acesso a Ribeirão Preto, no km 307 da estrada. Esse projeto teve por um dos objetivos “proporcionar um trânsito mais fluido e seguro”, segundo as concessionárias.
As concessionárias informaram, ainda, que “o desrespeito às leis de trânsito mostrou-se um fator agravante” dos acidentes na rodovia.