Passageiros enfrentam longa fila para comprar bilhete em estação do metrô de São Paulo. Foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas (16/02/2016)
A quantidade de reclamações relacionadas à presença de pedintes nos trens e nas estações do
metrô de São Paulo registradas pelo serviço de denúncia por mensagem SMS da empresa cresceu 38% entre 2014 e 2015. Em números absolutos de queixas, o salto verificado no período foi de 4.142 para 5.710.
É o que aponta levantamento inédito feito pelo
Fiquem Sabendo com base em dados do Metrô obtidos por meio da
Lei Federal nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação). (Veja o detalhamento dessas informações no infográfico abaixo.)
De acordo com os disponibilizados pela empresa controlada pelo governo
Geraldo Alckmin (PSDB), a presença de pedintes foi a única das cinco principais reclamações contabilizadas anualmente pelo SMS-Denúncia do Metrô que cresceu entre 2014 e o ano passado.
As outras quatro queixas mais recebidas pela empresa são as seguintes: comércio irregular nos trens e nas estações, comportamento inadequado, volume alto de aparelhos sonoros e embriaguez/consumo de álcool/drogas. O número total de reclamações contabilizadas pelo canal de denúncia também caiu em 2015 em relação ao ano anterior.
De acordo com o Metrô, o aumento da presença de pedintes nos seus trens e estações está diretamente relacionado à crise econômica que afeta o país e, consequentemente, o Estado de São Paulo desde o ano passado. “O cenário de retração econômica que o País atravessa, com escalada dos índices de inflação e das altas taxas de desemprego, fez com que o número de pessoas que saem da formalidade para o mercado informal aumente. Esse fato, infelizmente, também favorece o aumento da presença de pedintes no sistema metroviário”, informou a empresa por meio de nota.
A empresa atribui a queda das demais reclamações que recebe por mensagem de celular “às campanhas de orientação e de cidadania que o Metrô realiza frequentemente para que haja uma boa convivência entre os usuários”.
Queixas por desrespeito ao assento preferencial também caem
Sexta reclamação mais citada pelos passageiros que enviam seus relatos ao SMS-Denúncia do Metrô, o desrespeito ao assento preferencial também apresentou queda entre 2014 e 2015. Nesse caso, o número de queixas recuou 32% (de 385 para 262).
Uma situação citada por especialistas como provocada pela crise econômica que tem crescido no metrô é a agressão a agentes de estação e seguranças da empresa. Esse tipo de ocorrência saltou de 64 para 108 casos, o que equivale a um crescimento de 69%, entre 2014 e o ano passado.
Segundo o Sindiviários (Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Viário e Urbano do Estado de São Paulo), as agressões partem principalmente de ambulantes e dos chamados “prateados”, pessoas que se pintam e pedem dinheiro dentro e fora do metrô. Essas duas atividades têm crescido, nos últimos meses, no sistema metroviário por causa da crise, de acordo com o sindicato.
Por que isso é importante?
O metrô de São Paulo conta com uma rede de 80,6 km.
A
Lei nº 12.587/2012, que institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, define, no seu art. 5º, inciso IV, como um dos princípios do transporte público “a eficiência, a eficácia e a efetividade” de quem presta esse serviço.
Essa mesma lei diz, no seu art. 14, inciso I, que é direito do usuário do Sistema Nacional de Mobilidade Urbana “receber o serviço adequado”.
Segundo essa lei, o Sistema Nacional de Mobilidade Urbana “é o conjunto organizado e coordenado dos modos de transporte, de serviços e de infraestruturas que garante os deslocamentos de pessoas e cargas no território do Município”. Isso inclui o Metrô de São Paulo.