Funcionário da CPTM ajuda cadeirante a embarcar na estação Domingos de Morais, da linha 8-diamante. Foto: Vagner Campos/A2 FOTOGRAFIA (13/05/2014)
Entre 2011 e 2015, a
CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) registrou 264 casos de agressão física sofridos por seus empregados.
Só o ano passado contabilizou 59 casos. Isso representa uma média de uma ocorrência a cada seis dias.
É o que aponta levantamento feito pelo
Fiquem Sabendo com base em dados da empresa de transporte metropolitano obtidos por meio da
Lei de Acesso à Informação.
De acordo com as informações disponibilizadas pela CPTM, no período analisado, 2011 registrou a menor quantidade de agressões (36), enquanto 2014 contabilizou o pico de ocorrências (66).
No metrô, número de agressões é ainda maior
Reportagem do
Fiquem Sabendo, publicada em março deste ano, mostrou que os casos de agressão a agentes do metrô de São Paulo cresceram 69% entre 2014 e 2015. Em números absolutos, a alta foi de 64 para 108 ocorrências.
No caso do metrô, a maioria das agressões são sofridas por seguranças. Em 2015, 66 dos 108 casos tiveram esses profissionais como vítimas.
Os dados da CPTM não detalham a função de cada empregado vítima de agressão.
Marreteiros são altamente agressivos, diz sindicalista
Na avaliação do presidente do
Sindviários (Sindicato dos Trabalhadores no Sistema Viário e Urbano do Estado de São Paulo), Altino Prazeres Júnior, o aumento das agressões está relacionado à atual crise econômica, que, diz ele, provocou o aumento da quantidade de vendedores ambulantes e de pessoas que querem usar o metrô sem pagar, como é o caso dos “prateados”, pessoas que se pintam e pedem dinheiro dentro e fora do metrô. Ele conversou com a reportagem em março.
“Os marreteiros são altamente agressivos. Já vivenciados casos em que um usuário, que foi abordado por querer burlar a catraca, ameaçou o metroviário de morte”, conta Prazeres Júnior.
Na avaliação do especialista em segurança pública
Jorge Lordello, faz sentido relacionar o aumento das agressões com situações ligadas à retração da atividade econômica, como a presença de uma quantidade maior de ambulantes nos trens e nas estações do metrô. “Com a alta taxa de desemprego que registramos atualmente, a gente sabe que o brasileiro vai se virar e uma forma de fazer isso é vender qualquer coisa na rua. Para essa pessoa, qualquer economia é importante. Em situações em que se vende algo proibido ou não se quer pagar uma passagem, vai haver confronto.”
Para o especialista, outro fator que pode ter influenciado o aumento das agressões é o que ele descreve como momento de maior tensão emocional das pessoas decorrente da crise política do país e o consequente alto número de manifestações, como as que têm ocorrido na avenida Paulista (região central de São Paulo). “Com as manifestações, há um grande fluxo de pessoas em horários e em dias em que isso não acontecia habitualmente. E as pessoas, de um modo geral, estão alteradas emocionalmente. Com esse estresse todo, qualquer coisa é motivo para uma discussão ou uma briga.”
Entre 2014 e 2015, o Metrô informou ter registrado apenas um caso de agressão a usuário cometida por um segurança da empresa.