Passageiro entra em ônibus da linha 283, no bairro Cidade Ariston, em Carapicuíba, na região metropolitana de São Paulo; linha foi alvo de 96 reclamações de usuários entre janeiro e maio. Foto: Léo Arcoverde/
Fiquem Sabendo
A linha 283 (Carapicuíba-Cidade Ariston/Osasco-Vila Yara) recebeu 96 reclamações de passageiros entre janeiro e maio deste ano (quatro por semana, em média). Isso fez dela a campeã de queixas dentre todas as linhas da
EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) que prestam o serviço de transporte público intermunicipal na região metropolitana de São Paulo.
É o que aponta levantamento feito pelo
Fiquem Sabendo com base em dados da EMTU obtidos por meio da
Lei nº 12.527 (Lei de Acesso à Informação).
De acordo com os dados disponibilizados pela empresa controlada pela gestão do
governador Geraldo Alckmin, vinculada à
Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos, a linha 032 (Itapecerica da Serra-Parque Paraíso/São Paulo-Pinheiros) foi a segunda que recebeu mais reclamações no acumulado de janeiro a maio. Foram 67 queixas. Atrás dela, em terceiro lugar do ranking, aparece a linha 376 (Diadema-Terminal Metropolitano Diadema/São Paulo-Estação CPTM Berrini), com 55 reclamações. (Veja o no infográfico abaixo o ranking das 20 linhas da EMTU mais reclamadas por usuários da Grande São Paulo.)
Espera excessiva no ponto de ônibus é a principal reclamação
Quarenta e uma das 96 reclamações dirigidas à linha 283 (Carapicuíba-Cidade Ariston/Osasco-Vila Yara) entre janeiro e maio deste ano tiveram como motivo o intervalo excessivo entre as partidas dos coletivos. Houve ainda dois relatos de que partidas não foram cumpridas no horário estipulado.
Na prática, as duas reclamações _que representam, juntas, 46% do total de críticas à linha_ significam que os passageiros afirmam passar muito tempo na parada à espera do ônibus.
Demora chega a ser de meia hora, afirmam passageiras
A reportagem fez duas viagens completas na linha 283 (Carapicuíba-Cidade Ariston/Osasco-Vila Yara) na tarde desta quarta-feira (15) e conversou com usuários.
Para eles, os números de reclamações registrados pela EMTU refletem, de fato, o principal problema da linha: o intervalo excessivo entre um ônibus e outro.
Moradora da Vila Marcondes, em Carapicuíba, a técnica de enfermagem Shirley de Lima, 32 anos, usa essa linha há cerca de cinco anos no trajeto entre a casa dela e o laboratório onde trabalha, no centro de Osasco. Segundo ela, o tempo de espera no ponto aumenta nesta época do ano, devido às férias escolares. “Hoje (ontem), fiquei meia hora, entre as 13h e as 13h30, no ponto, à espera do ônibus”, reclama.
Colega de trabalho de Shirley, Ivoneide Soares, 35 anos, mora no Jardim Veloso e também utiliza a linha 283. De acordo com ela, outro problema por que passam os passageiros diariamente é a superlotação, principalmente no horário de pico da manhã, no sentido de Osasco. “Nunca dá para ir sentada. Como demora muito para o ônibus passar, eles ficam ainda mais lotados.”
A comerciante Ellen Gabriela dos Santos, 23 anos, mora em Cidade Ariston e tem utilizado a linha, nos últimos dias, à tarde, para ir à autoescola onde faz um curso preparatório para tirar a carta de habilitação, na Cohab de Carapicuíba. Ela também reclamam da demora para o ônibus passar no ponto. “A gente fica mais de 20 minutos esperando”, diz.
A comerciante Ellen Gabriela dos Santos, 23 anos, diz que ônibus da linha 283 demora muito tempo para passar no ponto. Foto: Léo Arcoverde/
Fiquem Sabendo
Empresa transporta 1,9 milhão de passageiros diariamente
A EMTU presta um serviço fundamental a quem mora nos bairros periféricos das cidades do entorno de São Paulo e precisa se deslocar para as áreas mais centrais desses municípios ou ir à capital para trabalhar ou estudar.
Diariamente, cerca de 1,9 milhão de passageiros utiliza as linhas da empresa só na Grande São Paulo _a EMTU também atua em outras regiões metropolitanas, como a de Santos e a de Campinas.
Por que isso é importante?
A
Lei nº 12.587/2012, que instituiu as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, define no inciso IV, de seu art. 5º, como um dos princípios do transporte público “a eficiência, a eficácia e a efetividade” de quem presta esse serviço.
Essa mesma lei prevê no inciso I, do art. 14, que é direito do usuário do Sistema Nacional de Mobilidade Urbana “receber o serviço adequado”.
Ainda de acordo com essa lei, o Sistema Nacional de Mobilidade Urbana “é o conjunto organizado e coordenado dos modos de transporte, de serviços e de infraestruturas que garante os deslocamentos de pessoas e cargas no território do Município”.
Empresa não se manifesta
Procurada por meio da sua assessoria de imprensa, a EMTU não se manifestou sobre o assunto até o momento da publicação desta reportagem.