Cruzamento da avenida Ermano Marchetti com a avenida Santa Marina, na Água Branca; local registrou 31 panes semafóricas entre janeiro e maio deste ano. Foto: Léo Arcoverde/
Fiquem Sabendo
Os semáforos da rotatória da praça Dr. Pedro Corazza, na Água Branca, zona oeste, onde há o cruzamento de grandes avenidas, como Marquês de São Vicente, Ermano Marchetti e Comendador Martinelli, foram os que mais registraram panes em toda a cidade de São Paulo entre janeiro e maio deste ano. Eles deixaram de operar por 31 vezes nesse período. Isso representa uma média de uma quebra a cada cinco dias.
É o que aponta levantamento feito pelo
Fiquem Sabendo com base em dados da
CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) de São Paulo obtidos por meio da
Lei nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação).
O entorno dessa rotatória é bastante movimentado por abrigar o campus de uma universidade, indústrias, empresas, condomínios residenciais, um posto do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e a estação Água Branca da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Há um conjunto de pontos de ônibus na praça Dr. Pedro Corazza e um corredor de ônibus nos dois sentidos das avenidas Ermano Marchetti e Marquês de São Vicente.
O segundo cruzamento onde houve mais panes em semáforos na cidade entre janeiro e maio foi o da rua Heitor Penteado com a rua Pereira Leite, no Sumarezinho, próximo à estação Vila Madalena da linha 2-verde do metrô, na zona oeste. Lá, houve 27 quebras nesse período.
O terceiro lugar do ranking ficou com a esquina da av. São João com a rua dos Timbiras, na Santa Ifigênia, centro de São Paulo. Esse cruzamento registrou 23 panes ao longo dos cinco primeiros meses deste ano (confira quais foram os 15 locais que contabilizaram a maior quantidade de semáforos quebrados nesse período no infográfico abaixo).
Ranking inclui grandes avenidas, como Paulista e Rebouças
O topo do ranking dos cruzamentos onde as panes em semáforos são mais frequentes na capital paulista inclui algumas das vias mais movimentadas da cidade, como as avenidas Paulista e Rebouças e a rua da Consolação.
Os semáforos mais problemáticos da Paulista (5ª lugar do ranking) são os do cruzamento com a alameda Casa Branca, próximo ao Masp (Museu de Arte de São Paulo). Eles apresentaram 19 panes entre janeiro e maio, segundo a CET.
Na rua da Consolação, os semáforos que mais quebram ficam na esquina com a Rêgo Freitas.
Cruzamento da avenida Paulista com a alameda Casa Branca; local contabilizou 19 panes ao longo dos cinco primeiros meses deste ano. Foto: Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas (27/06/2015)
Avenida Inajar de Souza aparece duas vezes no ranking
Em obras há meses, devido à (re)construção de um corredor de ônibus em praticamente toda a sua extensão, a avenida Inajar de Souza, um das principais interligações de distritos como Brasilândia, Vila Nova Cachoeirinha e Freguesia do Ó com a marginal Tietê, é a única que aparece duas vezes no ranking.
Os semáforos do cruzamento com a rua Orlando Marchetti registraram 17 panes entre janeiro e maio, enquanto os da esquina com a av. Nossa Senhora do Ó, já bem próximo à marginal, contabilizaram outras 15.
Panes em faróis caíram pela metade entre 2013 e este ano
As panes em semáforos têm caído na capital paulista.
Entre janeiro e abril deste ano, a CET contabilizou 3.282 semáforos quebrados na cidade. Isso representa menos da metade das 6.582 panes contabilizadas no mesmo período de 2013 (primeiro ano da gestão do prefeito Fernando Haddad). (Veja o detalhamento desses dados no infográfico abaixo.)
Pedestre é o maior prejudicado, afirma consultor
Na avaliação de Horácio Figueira, mestre em engenharia de transportes pela USP e consultor em engenharia de tráfego e de transportes, o pedestre é o maior prejudicado pelas constantes panes registradas em semáforos de cruzamentos importantes da capital paulista. “Semáforos quebrados são um fator de insegurança para o trânsito”, diz.
De acordo com Figueira, esse perigo para o pedestre se acentua em cruzamentos onde o movimento deles é bem menor do que o de veículos, algo comum em avenidas mais afastadas do centro expandido, como Inajar de Souza e Dona Belmira Marin. “Se a pane é na avenida Paulista, há um número tão grande de pedestres, que os carros param para eles atravessarem com segurança. Já nesses outros locais, o motorista está mais preocupado em não ser atingido por outro veículo e, por isso, não para no cruzamento”, explica.
Por que isso é importante?
A
Lei nº 12.587/2012, que institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, define, no seu art. 5º, como um dos princípios do transporte público “a eficiência, a eficácia e a efetividade” de quem presta esse serviço e “a segurança no deslocamento das pessoas”.
Essa mesma lei diz, ainda, no seu art. 14, inciso I, que é direito do usuário do Sistema Nacional de Mobilidade Urbana “receber o serviço adequado”.
Equipamentos de 4.537 cruzamentos já foram reformados, diz CET
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) de São Paulo disse em nota enviada por sua assessoria de imprensa que os principais motivos das panes em semáforos são o mal funcionamento do controlador e outros equipamentos, com idade média superior a 20 anos, furtos de cabos semafóricos, falta de energia e obras de grande porte realizadas nas vias os faróis estão instalados.
De acordo com a empresa, o semáforo da rotatória da praça Dr. Pedro Corazza “sofre com o mal funcionamento do controlador e outros equipamentos, que estão sendo substituídos pela Companhia”. Além disso, a obra do corredor de ônibus, naquele local, “rotineiramente danificou o sistema elétrico do cruzamento com rompimento de dutos e cabos”.
A CET informou ainda que está investindo R$ 550 milhões na reforma do parque semafórico da cidade. “Dos 6.253 cruzamentos semaforizados existentes na cidade, 4.537 já foram reformados. A meta até agosto de 2015 é promover a recuperação de 4.800 locais.”