O governador Geraldo Alckmin (PSDB) e a presidente Dilma Rousseff (PT), durante assinatura de contrato que prevê liberação de R$ 747,4 milhões para obras de combate à crise hídrica. Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil
A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) reduziu, mês a mês, o número de consertos de vazamentos em sua rede de distribuição de água, de janeiro a abril deste ano, em relação ao mesmo período de 2014.
É o que aponta levantamento feito pelo
Fiquem Sabendo com base em dados da Sabesp obtidos por meio da
Lei nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação).
De acordo com as informações disponibilizadas pela empresa, ao longo do primeiro quadrimestre de 2015, a empresa consertou 1.375 vazamentos a menos do que durante igual período do ano passado, na Grande São Paulo e municípios da região de Bragança Paulista. Isso representa uma queda de 11,22% entre um período e o outro. (Veja o detalhamento desses dados no infográfico abaixo.)
Abril registrou maior queda
O mês de abril deste ano foi o que registrou a maior queda mensal na quantidade de consertos de vazamentos em relação a 2014. Houve uma redução de 3.237 reparos na rede para 2.821 (12,85%).
Fevereiro também contabilizou uma queda expressiva. Nesse mês, a Sabesp consertou, neste ano, 2.502 vazamentos (13,72% a menos do que os 2.900 reparos feitos no mesmo período de 2014).
Estão diminuindo as despesas, afirma especialista
Na avaliação de
Julio Cerqueira Cesar Neto, professor de Saneamento e Hidráulica da Escola Politécnica da USP, a diminuição do número de consertos de vazamentos decorre “da redução das despesas com o controle de perdas” feito pela Sabesp.
“E não é só nessa área. Cortaram as despesas com o tratamento de esgoto também. Vivemos uma situação crítica”, afirma Cesar Neto.
Tarefa durará diversos anos, admite presidente de estatal
Em
artigo publicado na seção “Tendências/Debates”, do jornal “Folha de S.Paulo”, em 22 de janeiro deste ano, o atual presidente da Sabesp, Jerson Kelman, tratou da questão dos vazamentos existentes na rede de distribuição de água da estatal.
Kelman escreveu: “Para resolver de vez os vazamentos, seria preciso substituir todas as antigas tubulações. A Sabesp já está empenhada na tarefa, que inescapavelmente durará diversos anos. Para que se tenha ideia da magnitude do desafio, existem cerca de 64 mil quilômetros de tubos enterrados na região metropolitana, o equivalente a uma volta e meia em torno da Terra”.
Por que isso é importante?
A
Lei nº 9.433/97 (Política Nacional de Recursos Hídricos) prevê que a água “é um bem de domínio público” e que um dos objetivos dessa política é “assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos”.
Essa mesma lei federal determina ainda que “a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades”.
Em julho de 2010, a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) reconheceu o acesso a uma água de qualidade e a instalações sanitárias adequadas como um direito humano.
Em dezembro de 2014, ao vir a São Paulo a convite do governo Geraldo Alckmin (PSDB), a pesquisadora Newsha Ajami, da Universidade de Stanford, na Califórnia, nos Estados Unidos, avaliou como grave o alto índice de perda de água decorrente dos vazamentos no sistema de distribuição da Sabesp.
Em
entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo", Newsha afirmou: “O sistema do Estado tem cerca de 40% a 45% de vazamentos, então eu me concentraria em aumentar a eficiência ao invés de racionar”.
Ao falar sobre o que deveria ser feito para contornar a atual crise no curto prazo, ela respondeu: “A primeira medida deveria ser consertar os vazamentos”.
Ações para reduzir perdas foram intensificadas, diz Sabesp
A Sabesp disse em nota que "tem intensificado todas as ações do seu Programa de Redução de Perdas, incluindo a renovação de tubulações e o emprego de válvulas redutoras de pressão, que são ações que diminuem a incidência de vazamentos de água".