O governador Geraldo Alckmin durante visita a canteiro de obras de interligação dos sistemas Rio Grande e Alto Tietê, em Rio Grande da Serra, no ABC paulista. Foto: Ciete Silvério/A2D (04/05/2015)
Apesar de ter diminuído em 23% o volume de perdas físicas decorrentes dos vazamentos existentes em sua rede de distribuição neste ano, na Grande São Paulo, a
Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) desperdiçou 144,5 bilhões de litros de água entre janeiro e maio deste ano.
É o que aponta levantamento feito pelo
Fiquem Sabendo com base em dados da empresa controlada pelo governo
Geraldo Alckmin (PSDB) obtidos por meio da
Lei Federal nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação).
De acordo com as informações disponibilizadas pela Sabesp, a quantidade de água desperdiçada nos vazamentos caiu quatro vezes consecutivas ao longo dos cinco primeiros meses deste ano. Em janeiro, a empresa registrou 30,9 bilhões de litros de água em perdas físicas. Em maio, foram 27,4 bilhões de litros de água.
Entre janeiro e maio de 2014 (início da crise de falta de água em São Paulo), os vazamentos foram responsáveis pela perda de 187,9 bilhões de litros de água da Sabesp na Grande São Paulo (veja o detalhamento desses dados no infográfico abaixo).
Volume é suficiente para abastecer 5,7 milhões de pessoas por 5 meses
A água perdida pela Sabesp devido aos vazamentos em sua rede de distribuição daria para abastecer cerca de cerca de 5,7 milhões de pessoas entre janeiro e maio (151 dias).
Esse contingente supera a quantidade de clientes atualmente abastecida pelo sistema Cantareira, que é de aproximadamente 5 milhões _antes da crise, esse conjunto de reservatórios abastecia 8,8 milhões de consumidores.
Para chegar a esse número, a reportagem utilizou como parâmetro o consumo médio de água per capita no Brasil, que é de 166,3 litros ao dia, segundo o último cálculo feito pelo
SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento), em 2013.
Por que isso é importante?
A
Lei nº 9.433/97 (Política Nacional de Recursos Hídricos) prevê que a água “é um bem de domínio público” e que um dos objetivos dessa política é “assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos”.
Essa mesma lei federal determina ainda que “a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades”.
Em julho de 2010, a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) reconheceu o acesso a uma água de qualidade e a instalações sanitárias adequadas como um direito humano.
Em dezembro de 2014, ao vir a São Paulo a convite do governo Geraldo Alckmin (PSDB), a pesquisadora Newsha Ajami, da Universidade de Stanford, na Califórnia, nos Estados Unidos, avaliou como grave o alto índice de perda de água decorrente dos vazamentos no sistema de distribuição da Sabesp.
Em entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo", Newsha afirmou: “O sistema do Estado tem cerca de 40% a 45% de vazamentos, então eu me concentraria em aumentar a eficiência ao invés de racionar”.
Ao falar sobre o que deveria ser feito para contornar a atual crise no curto prazo, ela respondeu: “A primeira medida deveria ser consertar os vazamentos”.
Ações têm sido feitas para diminuir índice de perdas, afirma empresa
A Sabesp disse em nota enviada por sua assessoria de imprensa que vem realizando ações para diminuir os índices de perdas, como reparos de vazamentos, combate a fraudes, substituição de redes, ramais e hidrômetros e aumento na gestão de pressão da água nas suas redes.
De acordo com a empresa, o índice de perdas registrado em 2014 foi de 29,8%, considerando as perdas físicas (vazamentos) e também as relativas a fraudes, inadimplência e ligações irregulares.
“O índice de perdas somente com vazamentos é de 18,8%, melhor que o de países como Itália (29%) e França (26%), melhor que a média nacional (em torno de 37%) e próxima à do Reino Unido (16%). Em maio/15, o índice de perdas foi de 28,9%, dos quais 18,2% se referem às perdas reais (ou físicas)”, informou a companhia.
Ainda de acordo com a Sabesp, a redução de perdas de água “sempre esteve entre as suas prioridades". “Consciente de sua responsabilidade com relação à utilização dos recursos hídricos e com foco na busca de maior eficiência operacional, a empresa intensificou esforços por meio da implantação do Programa de Redução de Perdas de Água. Para o período de 2009 a 2020, os investimentos são de R$ 6,7 bilhões.”