O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) durante visita a canteiro de obra de interligação entre os sistemas Rio Grande e Alto Tietê. Foto: Eduardo Saraiva/A2img (04/09/2015)
O número de reclamações por falta de água feitas à
Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) mais do que triplicou nas regiões da Sé (centro), Ipiranga (zona sul) e São Mateus (zona leste) entre janeiro e julho deste ano na comparação com o mesmo período de 2014.
Em outras três regiões _Jardins (zona oeste), Vila Mariana (zona sul) e Freguesia do Ó (zona norte)_, a quantidade de queixas mais do que dobrou.
É o que aponta levantamento inédito feito pelo
Fiquem Sabendo com base em dados da estatal obtidos por meio da
Lei Federal nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação).
As informações disponibilizadas pela empresa controlada pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) mostram que aumentos significativos na quantidade de reclamações por falta de água foram registrados em bairros das cinco regiões da cidade.
Em toda a cidade, o número de reclamações no acumulado de janeiro a julho aumentou 50%. (Veja o detalhamento desses dados no infográfico abaixo.)
São Mateus registrou alta de 238% no número de queixas
Na região de São Mateus, as reclamações no acumulado de janeiro a julho saltaram 238% (de 1.405 para 4.750) entre 2014 e este ano.
Já na região da Sé, o crescimento na quantidade de queixas foi de 228% (de 2.375 para 7.792). (Veja o total de reclamações em todas as regiões da capital paulista no infográfico abaixo.)
Região da Sé abrange Paraíso, Consolação e outros 20 bairros
A divisão administrativa adotada pela Sabesp reparte a capital paulista em 15 regiões.
Dada a sua grande extensão, algumas dessas regiões abrangem mais de 20 bairros.
De acordo com o mapa fornecido à reportagem pela empresa, a Sé, por exemplo, abrange um total de 23 distritos. Entre eles, estão Consolação, Paraíso e Bom Retiro.
Por que isso é importante?
A
Lei nº 9.433/97 (Política Nacional de Recursos Hídricos) prevê que a água “é um bem de domínio público” e que um dos objetivos dessa política é “assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos”.
Essa mesma lei federal determina ainda que “a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades”.
Em julho de 2010, a Assembleia Geral da
ONU (Organização das Nações Unidas) reconheceu o acesso a uma água de qualidade e a instalações sanitárias adequadas como um direito humano.
Aumento era previsível, afirma Sabesp
A Sabesp informou por meio de nota enviada por sua assessoria de imprensa que o aumento no número de reclamações "era previsível" em virtude da "redução da produção de água" em 27% desde o início da crise hídrica (no início de 2014).
Eis a íntegra do comunicado enviada pelo órgão:
"Com a redução da produção de água de 27% desde o início da crise hídrica, era previsível que o número de reclamações aumentasse no período. Nos meses de janeiro e fevereiro/2014, a produção de água se mantinha acima dos 71 m³/s e as ações para combater o desperdício ainda não tinham sido implantadas. Em julho/15, a produção caiu para 51,8 m³/s. Nunca é demais lembrar que, para manter o abastecimento de 20,6 milhões de pessoas na Região Metropolitana de São Paulo, dezenas de obras foram entregues para expandir a captação de água dos mananciais. Como resultado destas ações e da colaboração da população em economizar, a Sabesp conseguiu manter o abastecimento sem a necessidade da implantação de medidas drásticas."