Ônibus em terminal da capital paulista; a maioria dos coletivos que circulam na cidade são movidos a diesel. Foto: Milton Michida/ ( Arquivo ) GOVESP (27/12/2014)
Os 14.776 ônibus de transporte de passageiros municipais da cidade de São Paulo lançam por dia na atmosfera 3,9 toneladas do gás dióxido de carbono (CO2).
É o que revela levantamento do
Fiquem Sabendo com base em dados da SPTrans (empresa de transporte) obtidos por meio da Lei nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação) e em um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), do governo federal, sobre emissão de poluentes nas principais metrópoles brasileiros.
O gás carbônico faz parte da atmosfera e forma uma capa no entorno da Terra, que contribui para a manutenção da temperatura do planeta em níveis adequados à preservação da vida _inclusive, a dos seres humano.
A sua emissão indiscriminada na atmosfera a partir da Revolução Industrial (século 18), porém, é uma das causas do aquecimento global.
Segundo as informações fornecidas pela SPTrans, os ônibus municipais, que transportam 6 milhões de passageiros por dia útil, consomem diariamente, em média, 1,5 milhão de óleo diesel (derivado do petróleo) e 10.400 litros de etanol (produzido com cana-de-açúcar).
De acordo com o estudo do Ipea “Emissões Relativas de Poluentes do Transporte Motorizado de Passageiros nos Grandes Centros Urbanos Brasileiros”, de 2011, a combustão de um litro de diesel produz 2,6 kg de gás carbônico, enquanto a queima da mesma quantidade de etanol é responsável pela geração de 0,56 kg (560 gramas) desse mesmo gás (veja no infográfico abaixo).
Só 1 em cada 250 ônibus da cidade são movidos a etanol
A intensa produção de CO2 pelos ônibus que circulam pela capital paulista ocorre porque 98% (14.516) desses veículos são movidos a óleo diesel. Esse combustível é a fonte de energia mais poluente dentre as utilizadas pelos sistemas de mobilidade urbana.
Conforme a SPTrans, apenas 0,39% da frota de ônibus municipais (59 veículos) utiliza como o etanol como combustível. Outros 201 coletivos (0,48% da frota) são elétricos.
Os ônibus elétricos _assim como os trens e o metrô_ não emitem gás carbônico.
Existir apenas 59 ônibus a etanol em São Paulo não é um paradoxo só por se dar preferência a um combustível excessivamente poluente e derivado de um recurso natural esgotável (o petróleo) em detrimento de um menos poluente e oriundo de uma fonte limpa e renovável.
Chama a atenção que isso ocorra na maior e mais rica cidade do maior produtor mundial de cana-de-açúcar e segundo maior fabricante de etanol do planeta. O Brasil é responsável por 25% da produção de cana e por 20% da geração de etanol de todo o mundo.
Por que isso é importante?
Vista área da cidade de São Paulo; por dia, ônibus do transporte municipal lançam 3,9 toneladas de dióxido de carbono na atmosfera. Foto: Kelson Fernandes/Fotos Públicas (12/08/2014)
A Constituição Federal de 1988 prevê, em seu art. 225, que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Já a Lei 12.587/2012 (Política Nacional de Mobilidade Urbana) tem como uma de suas diretrizes o “incentivo ao desenvolvimento científico-tecnológico e ao uso de energias renováveis e menos poluentes”.
Em setembro de 2014, a OMN (Organização Meteorológica Mundial) divulgou relatório em que aponta que a concentração de gases de efeito estufa no mundo atingiu níveis recordes em 2013.
Ainda segundo esse relatório, entre 2012 e o ano seguinte, a quantidade de CO2 acumulada na atmosfera apresentou o maior crescimento registrado desde 1984 (29 anos).
60 ônibus movidos a etanol são testados, diz SPTrans
A SPTrans disse em nota 60 veículos movidos a etanol estão sendo testados na cidade de São Paulo.
Segundo a empresa de transporte municipal, desde 2010, 7% de biodiesel de cana-de-açúcar é adicionado ao combustível utilizado pelos ônibus.
De acordo com a SPTrans, a nova licitação do setor, que será lançada nos próximos meses, prevê a utilização total de combustível de fonte renovável e a substituição gradativa da frota atual.
A empresa afirmou também que investimentos para ampliar corredores e faixas exclusivas de ônibus e renovar a frota contribuem para a menor emissão de poluentes na atmosfera.