Trecho da represa da Guarapiranga, na zona sul de São Paulo. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil(05/06/2016)
Está na lei e também em contrato: 7,5% do dinheiro que a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) recebe por meio da prestação dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário na cidade de São Paulo é repassado a um fundo controlado pela Prefeitura de São Paulo.
Trata-se do
Fundo Municipal de Saneamento Ambiental e Infraestrutura (FMSAI), vinculado à
Secretaria Municipal da Habitação. A
lei municipal, de 2009 (gestão Gilberto Kassab), que criou o FMSAI é clara, no seu art. 6º, quanto à sua finalidade: "apoiar e suportar ações de saneamento básico e ambiental e de infraestrutura no Município".
Entre 2011 e 2015, esse fundo recebeu cerca de R$ 1,6 bilhão da Sabesp (R$ 327 milhões por ano, em média). O
Fiquem Sabendo detalha, com base em dados da prefeitura obtidos por meio da
Lei de Acesso à Informação, o que foi feito com essa quantia (veja no quadro abaixo).
Quase metade do dinheiro vai para urbanização de favelas
É o Conselho Gestor do Fundo Municipal de Saneamento Ambiental e Infraestrutura, formado por representantes de várias secretarias, quem decide de que forma esse dinheiro é gasto.
Nos últimos cinco anos, quase metade (48%) desse dinheiro foi utilizado com a urbanização de favelas da capital paulista. A segunda área que consumiu mais verba do FMSAI foi o programa Mananciais, com R$ 591 milhões investidos (R$ 118 milhões por ano, em média).
Um dos objetivos do programa Mananciais é "recuperar e conservar a qualidade das águas dos reservatórios Guarapiranga e Billings".
Por que isso é importante?
A Lei nº 9.433/97 (Política Nacional de Recursos Hídricos) prevê que a água “é um bem de domínio público” e que um dos objetivos dessa política é “assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos”.
Essa mesma lei federal determina ainda que “a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades”.
Em julho de 2010, a Assembleia Geral da
ONU (Organização das Nações Unidas) reconheceu o acesso a uma água de qualidade e a instalações sanitárias adequadas como um direito humano.