Catador no lixão da Estrutural, em Brasília, Distrito Federal. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado (31/10/2014)
Quanto mais rico um lugar, mais alta é a sua produção de lixo.
Quem vive nos distritos que formam a Subprefeitura de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, região com o maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da capital paulista (0,956), produz 489 kg de lixo domiciliar por ano, em média.
Esse número faz de Pinheiros a região campeã em geração de resíduos na cidade.
Já o morador da região da Subprefeitura de Tiradentes, quarto pior IDH paulistano (0,732), produz 216 quilos de lixo domiciliar por ano, o mais baixo índice da cidade. Isso é menos do que a metade da produção de resíduos por habitante de Pinheiros.
É o que aponta levantamento inédito feito pelo
Fiquem Sabendo com base em dados de 2015 da
Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb) obtidos por meio da
Lei Federal nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação).
O número de habitantes da região de cada subprefeitura utilizado como parâmetro é o adotado pela prefeitura. Isso significa dizer que o levantamento não leva em conta a população flutuante desses locais, ou seja, aquelas pessoas que trabalham neles mas moram em outras regiões da cidade.
De acordo com as informações disponibilizadas pelo órgão, fazem parte da lista das dez subprefeituras com as mais altas taxas de produção de lixo todas as sete regiões com maiores IDHs da cidade. Além de Pinheiros, são elas, por ordem descrescente: Vila Mariana (2º), Santo Amaro, Lapa, Sé, Mooca e Santana/Tucuruvi (7º). (Veja o detalhamento do ranking no infográfico abaixo.)
Já os oito piores IDHs da capital paulista estão todos representados na lista das dez subprefeituras que possuem os menores índices de produção de lixo domiciliar por habitante. Parelheiros, por exemplo, que tem o pior IDH da cidade, está na 28ª no ranking formado pelas 32 administrações regionais da cidade (veja, abaixo, a representação gráfica dessas informações).
20% da população mundial consome 80% dos recursos da biosfera
A quantidade de lixo que geramos está diretamente ligada ao nosso comportamento enquanto consumidores.
Segundo o jornalista Hervé Kempf, autor do livro “Como os ricos estão destruindo o planeta” e especialista em reportagens sobre meio ambiente, diz, em um trecho de sua obra: “Estima-se que 20% a 30% da população mundial consuma de 70% a 80% dos recursos retirados anualmente da biosfera”.
De acordo com o jornalista, que defende a ideia de que só a redução do consumo por parte da classe média para nos livrar de um colapso ambiental, é necessário “estimular as atividades humanas socialmente úteis e de baixo impacto ambiental”.
“Diante da crise ambiental, temos de consumir menos para distribuir melhor. Para podermos viver melhor juntos, em vez de consumir sozinhos.”