O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), participa de solenidade que marcou entrega das obras de bombeamento de água da represa Rio Grande. Foto: Eduardo Saraiva/ A2IMG (30/09/2015)
A
Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) pagou R$ 1,072 milhão em bônus para a sua diretoria (formada por seis executivos) pelo lucro obtido pela empresa entre janeiro de 2014 e junho de 2015.
Nesse período, a população da Grande São Paulo sofreu os efeitos mais intensos da recente crise hídrica, como a falta de água, em muitos casos por várias horas, devido às manobras de redução de pressão feitas pela empresa para conter o desperdício decorrente dos vazamentos existentes na rede.
É o que aponta levantamento feito pelo
Fiquem Sabendo com base em dados da Sabesp obtidos por meio da
Lei Federal nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação).
De acordo com as informações disponibilizadas pela empresa, com base no lucro dado pela empresa entre janeiro de 2012 e junho de 2015, a diretoria da Sabesp recebeu R$ 2,475 milhões em bônus. (Veja o detalhamento dessas informações no infográfico abaixo.)
Há uma diferença entre esses valores e as quantias dos formulários de referência, que constam dos relatórios de sustentabilidade da Sabesp: os valores informados à reportagem via Lei de Acesso à Informação se baseiam no regime de caixa, enquanto os outros têm por referência o conceito contábil.
Presidente da Sabesp recebeu bônus de R$ 59 mil
O presidente da Sabesp, Jerson Kelman, recebeu R$ 59 mil de bônus em virtude do lucro obtido pela Sabesp no primeiro semestre de 2015.
Ele só não recebeu o teto semestral do bônus (de R$ 61.770) porque entre os dias 1º e 9 de janeiro, a presidência ainda era ocupada por sua antecessora, Dilma Pena. Ela recebeu R$ 3.088,50 por esses nove dias no cargo.
O salário mensal de um diretor da Sabesp é de R$ 20.590.
Empresa registrou 1 reclamação por falta d'água a cada 2 min no período
Entre janeiro de 2014 e junho de 2015, a Sabesp recebeu 349.626 reclamações por falta de água de seus clientes residentes na capital paulista. Esse número representa uma média de uma queixa a cada dois minutos.
Entre janeiro de 2015 e janeiro de 2016, o número de reclamações quase triplicou (de 13.907 para 36.238). No mesmo mês deste ano, a quantidade de queixas despencou para 5.943.
A Sabesp alega que o aumento das reclamações entre 2014 e 2015 era previsível em razão de a produção de água fornecida à Grande São Paulo ter registrado uma queda de quase 30% por causa da crise hídrica.
Para Alckmin, crise hídrica já foi superada
Nesta segunda-feira (7), o governador Geraldo Alckmin deu a seguinte declaração sobre a crise hídrica: “A questão da água está resolvida, porque nós já chegamos a quase 60% do Cantareira e 40% do Alto Tietê. Isso é água para quatro ou cinco anos de seca”.
Na visão dele, o Estado está “preparado para as mudanças climáticas”. “Essa questão [da falta d’água] não tem mais risco, mesmo que haja seca. E teremos a partir do ano que vem uma superestrutura em São Paulo. O estado e a região metropolitana estarão bem preparados para as mudanças climáticas.”
Bônus é limitado a 6 salários e não é corrigido desde 2013, diz empresa
A Sabesp disse por meio de nota enviada por sua assessoria de imprensa que "os bônus são limitados a seis salários/ano e foram estabelecidos em 2004". "Os vencimentos não são corrigidos desde 2013, o que inclusive resulta em uma defasagem de mais de 15% em relação à inflação do período. Os valores dos bônus de 2015 estarão disponíveis após a publicação do balanço, no final de março."