O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), posa para foto vestido de gari em seu primeiro dia à frente da prefeitura. Foto: Fabio Arantes/Secom
R$ 7,8 bilhões foram sonegados em impostos estaduais em São Paulo em 2015. Com esse valor, montante que deixou de ser pago ao longo de um ano em tributos como ICMS e IPVA, seria possível tirar todas as 133.005 crianças que estão na fila da creche atualmente na capital paulista. Daria ainda para construir 27 hospitais com 255 leitos cada um.
É o que aponta levantamento feito pelo
Fiquem Sabendo com base no cruzamento de montante sonegado calculado pela
Secretaria Estadual da Fazenda, obtido por meio da
Lei de Acesso a Informação, com dados abertos das pastas da Saúde e Educação municipais.
A reportagem se baseou em edital, lançado em 2014 pela prefeitura, que prevê a construção de cerca de 12.000 vagas em creche ao custo de R$ 222,4 milhões. Isso representa o gasto de R$ 18.533 por vaga. Já a despesa em Saúde leva em conta a construção do hospital de Parelheiros, no extremo da zona sul da capital paulista, ainda em andamento.
De acordo com esses contratos, abrir 133.005 vagas em creche custaria R$ 2,4 bilhões. Com os R$ 5,4 bilhões restantes do total sonegado em 2015, seria possível construir 27 hospitais como o de Parelheiros. O montante sonegado anualmente é superior ao total gasto pela Prefeitura de São Paulo em 2015, R$ 7,5 bilhões.
Valor sonegado mais do que dobrou em 14 anos
Segundo os dados disponibilizados pela Secretaria Estadual da Fazenda, do governo Geraldo Alckmin (PSDB), o valor sonegado no Estado mais do que dobrou de 2001 para cá. O pico do desvio fiscal foi registrado em 2014, quando a sonegação ultrapassou pela primeira e única vez a marca de R$ 10 bilhões (veja no infográfico abaixo).
Doria promete zerar fila da creche em um ano
Em seu primeiro dia de mandato, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou que a sua gestão irá zerar a fila da creche por meio da construção de 66 mil vagas ao custo de R$ 230 milhões. Cada vaga sairá por R$ 3.484.
Esse valor representa 19% do custo de cada vaga do edital lançado em 2014 por Fernando Haddad. Doria comentou a mudança. “Não quero voltar ao passado, mas o projeto original implicava na construção física de espaços. Isso é mais difícil, demorado e custoso. A nossa proposta é a utilização de espaços já existentes e adaptá-los para que eles possam, em um curto período, serem utilizados como creches”, afirmou o prefeito.
O número de vagas criadas, no entanto, representa menos da metade da fila divulgada em setembro de 2015 pela gestão Fernando Haddad (o último dado disponível).