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Depois de o livro "O Avesso da Pele", do escritor Jeferson Tenório, entrar na mira da extrema-direita e ser recolhido das escolas públicas pelos governos de Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná, solicitamos ao Ministério da Educação (MEC) o parecer de avaliação da obra.
Isso porque, em 2022, "O Avesso da Pele" foi selecionado para distribuição escolar pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), do MEC.
Para serem selecionadas, as obras passam por um processo de avaliação de uma comissão técnica, formada por especialistas e professores das redes públicas e privadas, que produz pareceres sobre cada livro com comentários sobre a adequação deles às faixas etárias e aos objetivos educacionais.
A justificativa das secretarias de educação estaduais para censurar "O Avesso da Pele" foi a de que o livro apresentaria "expressões impróprias" para menores de 18 anos. Meses depois, elas voltaram atrás e o livro retornou às escolas.
Acontece que para o livro ter sido escolhido pelos professores da rede pública, a comissão técnica do PNLD já tinha avaliado a linguagem da obra como "parte da lógica narrativa".
O parecer obtido pela Fiquem Sabendo mostra que os avaliadores reconheceram que há "trechos com expressões vulgares, de cunho sexual, e referência a violência e drogas". Esses trechos, no entanto, trazem "coerência interna para o narrado".
"Há uma coerência narrativa que procura revelar as tensões sobre a vida e suas reflexões e não fazer uma apologia ao uso de drogas, à violência contra a mulher, ao uso de expressões vulgares e sexuais", afirma o parecer.
Em sua resposta à FS, o MEC afirmou que "privar" estudantes do Ensino Médio do acesso a livros pela presença de "palavras consideradas 'de baixo calão'" é "um tipo de cerceamento que não conversa com os dias atuais, nos quais os jovens estão absolutamente imersos em diferentes contextos nos quais o contato é inevitável".
Acesse todos os documentos aqui.
Confira o conteúdo na íntegra na edição #124 da Don't LAI to me.
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Este conteúdo saiu primeiro na edição #124 da newsletter da Fiquem Sabendo, a Don’t LAI to me. A newsletter é gratuita e enviada quinzenalmente, às segundas-feiras.