Trecho movimentado da avenida Faria Lima, na zona oeste de São Paulo. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil (30/11/2015)
Com 116 roubos registrados no primeiro semestre deste ano, a avenida Brigadeiro Faria Lima é a via campeã de assaltos na zona oeste de São Paulo.
Ela é seguida pela rodovia Raposo Tavares (trecho que corta a capital paulista), com 114 roubos contabilizados entre janeiro e junho de 2016.
A terceira colocação no ranking de roubos na zona oeste é ocupada pela avenida Francisco Matarazzo, com 83 ocorrências no primeiro semestre.
É o que aponta levantamento inédito feito pelo
Fiquem Sabendo com base em dados da
SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública) obtidos por meio da
Lei de Acesso à Informação.
Reportagem do
Fiquem Sabendo publicada nesta segunda-feira (14) mostrou que a avenida Paulista e a rua Augusta lideram o ranking de vias com mais assaltos na cidade de São Paulo.
Policiamento precisa ser reinventado, diz especialista
Na avaliação do major da Polícia Militar da reserva e consultor na área de segurança
Diógenes Lucca, o fato de o ranking ser inteiramente ocupado por vias extensas e com intenso fluxo de pessoas durante várias horas do dia não impede uma atuação específica da polícia para inibir a ação dos ladrões.
Nas palavras do especialista, “é hora de fazer mais com menos”. “Em locais como a avenida Paulista, por exemplo, a Polícia Militar deveria adotar um policiamento preventivo que combine o trabalho ostensivo, com homens fardados, com um efetivo com trajes civis, à paisana, para atuar em pontos estratégicos em meio à multidão”, explica Lucca.
De acordo com o consultor, até mesmo informar a população sobre esse tipo e atuação, com faixas ou cartazes, ajudaria a inibir assaltantes. “Os ladrões oportunistas atuam onde há o menor risco de serem presos. Com esse tipo de atuação, logo após as primeiras prisões, eles migrariam para outro lugar.”
Segundo Lucca, para que esse tipo de trabalho seja feito, não é necessária a contratação de mais policiais por parte do governo, por meio de novos concursos, mas sim um remanejamento de homens da corporação de funções que não são de competência da PM, como a escolta de presos, por exemplo.
Dados oficiais da SSP apontam que os roubos em toda a cidade cresceram 4% entre janeiro e setembro deste ano na comparação com o mesmo período de 2015. Em número de ocorrências, o salto verificado no período foi de 114.437 para 119.063. Segundo a pasta, os assaltos têm crescido em vários outros estados do país e isso se deve à crise econômica.
Outro lado
Procurada, a Secretaria de Estado da Segurança Pública disse por meio de nota enviada por sua assessoria de imprensa que as investigações da Polícia Civil resultaram na prisão de 70 pessoas na região da avenida Paulista somente no primeiro semestre. No período, diz a pasta, 603 crimes contra o patrimônio foram esclarecidos.
Leia, abaixo, a íntegra da nota enviada pela pasta:
“A SSP esclarece que a reportagem aponta dados de locais com grande circulação de pessoas, como as Praças da Sé, República e Avenida Paulista, além de vias extensas, como a Avenida Sapopemba, que possui 45 km em sua totalidade. Isso, naturalmente, favorece que estejam entre os lugares com maior número de registro.
As investigações da Polícia Civil na Av. Paulista e região resultaram na prisão de 70 pessoas em flagrante por crimes contra o patrimônio, o que esclareceu 603 ocorrências de crimes contra o patrimônio apenas no primeiro semestre. Somente nesses flagrantes, foram apreendidos Mais de 7 mil objetos, entre eles 31 aparelhos celulares.
No mesmo período, na República, foram presas 99 pessoas, tendo sido apreendidos 360 mil objetos, 310 aparelhos celulares e cinco armas de fogo. Na Sé, a prisão em flagrante de 228 pessoas resultou na apreensão de mais de 49 mil objetos, quatro armas de fogo e 1.593 celulares. Já na Av. Cruzeiro do Sul, 196 casos foram esclarecidos com a prisão em flagrante de 74 pessoas, com as quais foram apreendidos 565 mil objetos. Na av. Marechal Tito, foram realizados dois flagrantes, além de outros três nos arredores da via.
Em toda a capital, foram presas 34.883 pessoas em flagrante nos primeiros nove meses do ano, além de 3.318 armas apreendidas. O policiamento preventivo é planejado a partir da análise de diversos aspectos, entre eles o número de moradores, população flutuante, peculiaridades geográficas, além da incidência criminal.”