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SEGURANÇA

Em 2015, Estado de São Paulo tem um fuzil apreendido a cada dois dias

Léo Arcoverde

Publicado em: 13/08/2015
Atualizado em: 10/03/2023
Em 2015, Estado de São Paulo tem um fuzil apreendido a cada dois dias Suspeitos exibem fuzis em piscina na vila olímpica de Honório Gurgel, zona norte do Rio. Foto: Reprodução/Facebook As polícias Militar e Civil de São Paulo apreenderam entre janeiro e maio deste ano 68 fuzis no Estado (um a cada dois dias, em média). A frequência com que esse tipo de arma é retirado de circulação no Estado nunca foi tão alta. É o que aponta levantamento inédito feito pelo Fiquem Sabendo com base em dados do DAP (Departamento de Administração e Planejamento) da Polícia Civil obtidos por meio da Lei Federal nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação). De acordo com as informações disponibilizadas pelo órgão, em 2010 (primeiro ano da série histórica disponível), 72 fuzis foram apreendidos no Estado (um a cada cinco dias, em média). Entre 2011 e 2014, essa média variou de uma apreensão a cada cinco dias a uma ocorrência a cada três dias (em 2013 e em 2014). (Veja o detalhamento desses dados no infográfico abaixo). Em 2015, Estado de São Paulo tem um fuzil apreendido a cada dois dias

Ladrão apontou fuzil para humorista em roubo no Morumbi

Um exemplo do aumento da utilização de fuzis por criminosos em São Paulo se deu na manhã de 10 de julho deste ano, quando o humorista Márvio Lúcio, o Carioca, do programa “Pânico na Band”, foi vítima de uma tentativa de assalto em seu carro, a caminho da emissora em que trabalha, na av. Giovanni Gronchi, no Morumbi, zona sul de São Paulo. Momentos após o crime, em entrevista ao programa “Morning Show”, da rádio Jovem Pan, o humorista fez o seguinte desabafo: "Inadmissível. Eu estava na Giovanni Gronchi, aqui no 'ladeirão', indo para a gravação do 'Pânico'. Os caras meteram fuzil no meio da rua. Meteram fuzil na minha cara. Eu dei a ré e escapei. A que ponto chegamos? Fuzil em São Paulo? Você tá de brincadeira."

No Rio, 174 fuzis foram apreendidos entre janeiro e maio

Se em São Paulo a utilização de fuzis por criminosos cresceu de dois anos para cá, no Rio de Janeiro, onde a disputa por território entre quadrilhas de traficantes é algo que ocorre há décadas, isso não é só é muito mais comum como já rendeu episódios folclóricos noticiados pela imprensa carioca. Em outubro de 2014, o jornal “Extra”, do Rio, publicou uma foto, postada em redes sociais, que mostra suspeitos ostentando três fuzis apontados para cima dentro da piscina da vila olímpica de Honório Gurgel, zona norte da cidade. Na mesma reportagem, o “Extra” divulgou um áudio investigado pela polícia na qual o traficante Celso Pinheiro Pimenta, o Playbou, morto pela polícia neste sábado (8), fala sobre a invasão da vila olímpica. “Adorei a piscina, esculachou. Tá tudo dominado”, diz Playboy na gravação. No Rio, entre janeiro e maio deste ano, 174 fuzis foram apreendidos (veja no infográfico abaixo). Em 2015, Estado de São Paulo tem um fuzil apreendido a cada dois dias

Presença de fuzis reacende importância da inteligência policial, afirma especialista

O aumento do número de fuzis em circulação em São Paulo não aumenta o fluxo de roubos no Estado mas deve servir de alerta para os setores de inteligência das polícias, uma vez que essas armas são usadas por integrantes de grandes quadrilhas em confrontos com as forças de segurança. Essa é a avaliação feita por José Vicente da Silva Filho, coronel da reserva da PM e ex-secretário nacional de Segurança Pública. “Isso reacende a importância do serviço de inteligência. O fuzil serve para instrumentalizar grupos especializados em crimes como roubo a carro-forte, roubo de cargas de produtos eletrônicos e furtos de caixas eletrônicos”, explica o especialista. De acordo com ele, esse tipo de arma chega a São Paulo depois de atravessar a fronteira do Brasil com países como Paraguai, Bolívia e Venezuela.

Por que isso é importante?

Constituição Federal de 1988 prevê, em seu art. 144, que a segurança pública corresponde a um “dever do Estado” e um “direito e responsabilidade de todos” e que ela é exercida “para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”. O Estatuto do Desarmamento (Lei Federal nº 10.826/2003) prevê, no seu art. 16, uma pena de reclusão de três a seis anos e multa para quem comete o crime de furto de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, como é o caso do fuzil. O secretário da Segurança Pública do Rio declarou em entrevista à TV Globo, nesta quarta-feira (12), que vai propor ao Congresso Nacional o aumento da pena para esse crime. “Quem for pego com esse tipo de arma, que este período seja dobrado ou triplicado, na minha opinião pessoal deveria ser em regime fechado. Nós temos que banir o fuzil do Rio de Janeiro e, consequentemente, a pessoa que está com ele. Isso não pode simplesmente ser um porte de arma não autorizado”, disse Beltrame. Em 2015, Estado de SP tem um fuzil apreendido a cada dois dias O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame; para ele, pena para quem é pego com fuzil deve ser aumentada. Foto: Clarice Castro/ GERJ (07/11/2014)

Circulação de armas de grosso calibre é combatida, diz secretaria

A Secretaria de Estado da Segurança Pública disse em nota enviada por sua assessoria de imprensa que "a fiscalização das fronteiras para coibir o tráfico de armas é de responsabilidade da União". "Mesmo assim, as Polícias Civil e Militar, por meio dos serviços de inteligência e do patrulhamento, combatem o crime organizado e a circulação de armas de grosso calibre."

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