A comerciante Maria Cristina Anselmo Santos, 37 anos, já foi vítima de dois assaltos em sua loja de roupas, na região do Jardim das Imbuias, na zona sul de São Paulo. Foto: Léo Arcoverde/Fiquem Sabendo
A comerciante Maria Cristina Anselmo Santos, 37 anos, sofreu dois assaltos em sua loja de roupas em menos de 30 dias, entre dezembro de 2014 e janeiro de 2015. Em ambos os casos, os autores do roubo eram adolescentes. "Não tinham mais que 16 anos", diz.
Depois dos roubos, ela decidiu trocar de ponto.
Perto de sua loja, há uma peixaria, que, segundo funcionários, foi alvo de dez assaltos nos últimos cinco anos.
Esses crimes se deram no mesmo bairro, o Jardim das Imbuias, região com maior índice de roubos a comércios em toda a cidade de São Paulo.
Entre janeiro e abril deste ano, a delegacia do bairro, o 101º DP, registrou 66 boletins de ocorrência de roubo a comércio.
É o que aponta levantamento inédito feito pelo
Fiquem Sabendo com base em dados da
Polícia Civil de São Paulo obtidos por meio da
Lei de Acesso à Informação.
A reportagem elaborou o ranking das regiões capital paulista que contabilizaram mais assaltos a comerciantes no período (veja, abaixo, o detalhamento dessas informações).
Sete dos dez bairros mais perigosos ficam na zona sul
Um dado que chama a atenção no ranking dos distritos policiais com mais boletins de ocorrência de roubo a comércio registrados na cidade é o de que sete das dez delegacias da lista ficam na zona sul.
Além de ficarem em regiões distantes umas das outras da zona sul, como são o caso de Heliópolis e Jardim Herculano (na região da Jardim Ângela), os distritos ficam em locais de perfis socioeconômicos diferentes.
A lista inclui desde bairros pobres, como o Jardim Mirna, até locais de classe média, como é o caso do 16º DP (Vila Clementino).
Por que isso é importante?
A
Constituição Federal de 1988 prevê, no seu art. 144, que a segurança pública corresponde a um “dever do Estado” e um “direito e responsabilidade de todos” e que ela é exercida “para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”.
O
Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848/1940) prevê, no seu art. 155, uma pena de reclusão de dois a quatro anos e multa para quem comete o crime de furto. Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas (situação comum aos casos de invasão a residência) ou mediante escalada, a pena cominada é mais alta: reclusão de dois a oito anos e multa.
Já no seu art. 157, o Código Penal prevê para o roubo uma pena de reclusão de quatro a dez anos e multa. Ela é aumentada de um terço em situações como o concurso de dois ou mais suspeitos ou emprego de arma de fogo.
Indicadores definem ações da polícia, afirma secretaria
Questionada sobre quais ações são realizadas para inibir a atuação dos assaltantes dos bairros que compõem o ranking elaborado pela reportagem, a Secretaria de Estado da Segurança Pública enviou a seguinte nota à reportagem:
"Os bairros Jardim das Imbuias, Parque Santo Antônio, Campo Limpo e Heliópolis, contam com policiamento realizado por meio dos programas de Rádio Patrulha, Força Tática, ROCAM, Comunitário, Escolar, a Pé e de Trânsito. Somente nessas regiões, a PM prendeu 599 criminosos, apreendeu 79 menores infratores e 34 armas de fogo, de janeiro a maio de 2016. A Polícia Militar realiza rondas preventivas planejadas a partir da análise dos indicadores criminais e informações de inteligência.
A Polícia Civil informa que, além das investigações de casos registrados nos distritos, toda semana são realizadas operações em diferentes regiões da Capital, envolvendo as unidades territoriais com apoio da assistência operacional das Delegacias Seccionais e do Grupo de Operações Especiais do Decap (GOE), que levaram à prisão de 3.700 criminosos nos primeiros cinco meses deste ano. Muitas dessas prisões em flagrante podem possibilitar, ainda, o esclarecimento de outros crimes e reconhecimento de suspeitos."